Além da Solidão: A Importância do Amor-Próprio e do Apoio Social
Relacionamentos não são fáceis para mim. Fazer amigos já era uma tarefa quase impossível; imagine então os relacionamentos românticos. Em toda a minha vida, apenas três garotas me abraçaram, e nunca recebi um beijo.
Inicialmente, a razão de eu não ter uma namorada era o pânico social, o bullying e a dificuldade de me adaptar. Eu afastava as pessoas por parecer estranho, problemático e esquivo. Naquela época, eu reagia mal às provocações, não sabia como me comportar em situações cotidianas e tentava imitar o comportamento das outras pessoas.
Quando me converti ao evangelismo, comecei a suportar todas as provações em silêncio e a evitar ao máximo relacionamentos fora da igreja. Era uma regra importante que os membros não se envolvessem romanticamente com pessoas fora do círculo religioso e que esse relacionamento durasse apenas seis meses, seguido de casamento oficial e mudança para uma casa do casal. Não havia jovens na congregação e, mesmo que houvesse, eu não tinha condições de morar sozinho, muito menos de sustentar uma família. Isso me limitou MUITO!
Ao sair da escola, fiquei sem interagir com outras pessoas, pois onde moro não há lugares para conhecer gente nova. Não há academia, nem dinheiro para frequentar uma, não há bibliotecas, clubes ou festinhas, e mesmo se houvesse, eu não iria. Ainda não sou capaz de trabalhar e, muito menos, de cursar uma faculdade.
Durante uma parte significativa da minha vida, me senti solitário. Eu me culpava por não cumprir as expectativas das outras pessoas em relação a um namoro típico. Acreditava que eu não era opção para ninguém e, mais do que nunca, queria sentir que era! Eu precisava de validação! Precisava sentir que merecia ser amado!
Meu maior trauma é a invalidação, a exclusão dos meios sociais, a deslegitimação das coisas de que gostava e os comentários sobre eu ser esquisito, chato, doido. Namorar seria a maior prova de validação que eu poderia receber e, por isso, quis como louco achar alguém que me amasse, que me aceitasse como eu sou. Mas nunca encontrei!
Acreditava que o problema eram as mulheres que só se interessavam por homens ruins, mas no fundo, apenas não queria admitir que eu era desinteressante. Não trabalho, não estudo, não dirijo, não saio muito de casa, odeio festas, não sou padrão de beleza e tenho comportamentos estranhos. A ficha caiu, e eu comecei a me culpar. Fiz até pior, passei a me comparar. Aos 24 anos, sozinho, enquanto outros autistas na mesma condição já tinham encontrado alguém! Isso doía demais!
Para curar essa ferida, meus amigos tiveram um papel fundamental, elogiando, amando e me fazendo sentir toda a validação que me faltou na adolescência. Foi muito mais fácil alcançar o amor-próprio tendo essas pessoas maravilhosas no meu círculo social. O CAPS também me forneceu boa parte do apoio que eu precisava, pois me senti genuinamente parte essencial do grupo de pacientes que reforçaram meu lado positivo.
AGRADEÇO AO BOM DEUS POR ESSE PRESENTE! POR ESSAS PESSOAS TÃO BOAS PARA MIM. ESPERO CONSEGUIR SER BOM PARA ELAS TAMBÉM!
Hoje em dia, não busco desesperadamente por uma garota, mas vou a passos pacientes. Às vezes, alguns gatilhos fazem retornar todo o sentimento de inferioridade, mas não dura. Aprendi a me amar mais, embora esse amor não seja igual todos os dias. 💔😔
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