Validado Por Quem? - Um Desabafo Sobre Invisibilidade Afetiva

😟💔

Meu parceiro(a) acabou de terminar comigo.

Seus motivos foram plausíveis e, surpreendentemente, não doeu tanto quanto imaginei. Nossa dinâmica mal mudou, afinal, já não havia sexo nem romance entre nós. A única diferença é que, antes, tínhamos a liberdade de amar sem compromisso – fosse de forma romântica ou não, caso surgisse a vontade. Agora, esse amor está restrito à amizade.


O que realmente me perturba (e aqui, "perturba" no sentido figurado) é a crença limitante de que nunca vou ter um relacionamento real, presencial, físico e genuíno. Ninguém nunca me viu como opção – nem mesmo ele(a). E é aí que essa ideia se alimenta: na minha longa experiência de rejeição.

Sempre que gosto de alguém, surge uma barreira invisível. Com meu parceiro(a), foi a mãe dele(a), a distância e agora isso. Com outra pessoa que me interessou, foi a rotina sobrecarregada. Com a primeira, foi a instabilidade do borderline. Parece até que o universo conspira contra mim nesse aspecto.

Por mais que eu tente, nunca encontro alguém que demonstre interesse. E, pra ser sincero, acho que nunca vou encontrar. Não me encaixo nos padrões: não sou padrão de beleza, estou desempregado, sou recluso, autista, estranho, indiferente ao sexo e ao romance. Um verdadeiro "repelente natural". Vinte e cinco anos de solidão! E, pra piorar, o tempo voa – estou envelhecendo sem ter aproveitado a juventude. No fim, só me restarão as senhoras de idade, né? Kk.


É curioso: meus amigos autistas, em situações iguais ou mais delicadas que a minha, estão em relacionamentos. Até criminosos conseguem alguém. Por que eu não tenho esse direito?


Nem sei ao certo o que quero de um relacionamento. Só esperava, no mínimo, ser visto. Preciso de validação. Preciso saber que alguém, em algum momento, me considerou uma opção. Não quero mais me sentir como um estranho, um invisível, alguém que ninguém enxerga como digno ou sequer como um adulto completo.

Me sinto como uma classe inferior de humano – daqueles que mandam sentar no cantinho, longe da mesa dos adultos. Não me levam a sério. Não me tratam como alguém digno das convenções naturais da sociedade.

Será que não mereço ser gente, igual todo mundo?

Ser visto como capaz de compartilhar uma vida com alguém... essa seria a maior validação possível. Mas parece que, pra mim, nem isso.


Isso foi um desabafo puro, direto do coração. Agora, com a mente mais calma, lembro: meu valor não depende do que enxergam em mim. Cada um de nós é único, vivendo realidades tão particulares que comparar trajetórias não faz sentido - é quase ingenuidade.

Preciso reconstruir minha autoestima. Aprender a enxergar valor no que já sou, não no que poderia ser aos olhos dos outros. A jornada é difícil, mas necessária.


Mas uma dúvida ainda fica: 

querer validação é realmente tão errado? Ser opção é pedir demais?

Eu não sei. 

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