Acelerado: Um Retrato da Complexidade Humana no Contexto Terapêutico
Gostaria de aprofundar a discussão sobre o evento mencionado no post anterior sobre meu amigo, Acelerado. Há algum tempo ele vem se mostrando inoportuno, com atitudes egoístas. 💥😓
Vivendo em uma constante busca desenfreada por entretenimento, ele encontra refúgio em seu celular. Se perde o interesse na terapia, mexe no aparelho. Mesmo durante atividades físicas, como tênis de mesa, ele interrompe para ler ou responder mensagens.
Nos grupos terapêuticos, é quem mais fala, interrompe e desvia dos tópicos. Mesmo quando precisa ficar em silêncio, ele se retorce na cadeira, gemendo e clamando para que lhe deem voz. Como expliquei no post anterior, devido a uma vida inteira em silêncio, tendo suas ideias e opiniões ridicularizadas, encontrou no CAPS o lugar perfeito, pois é ouvido e recebe a atenção que sempre desejou. Isso, somado à busca incessante por entretenimento, o transforma em um tagarela (não tenho nada contra os tagarelas, porque às vezes também sou um).
Em outras situações, para defender suas opiniões, ele gritou, brigou, apontou dedos e deixou todos no grupo desconfortáveis. Além disso, costuma rotular as pessoas disso ou daquilo e, sem sombra de dúvida, nega ou distorce a realidade a favor do próprio ego. Lembro-me de uma vez em que afirmou como são ruins os hospitais psiquiátricos. Um dos pacientes disse que teve uma boa experiência em um deles. Acelerado simplesmente o chamou de mentiroso, dizendo que não, ele não teve uma boa experiência.
Antes de abordar o evento em si, ressalto que Acelerado não está tomando seus medicamentos, não está dormindo à noite, não está se alimentando de forma saudável — comendo apenas laranjas durante um mês inteiro — e sequer está tomando banho regularmente. São vários os motivadores para o emocional desregulado.
Na última sessão, Acelerado ignorou o pedido da enfermeira para desligar o celular e permanecer na sala, mesmo diante da ameaça de ser excluído da participação naquele dia. Ele persistiu em sua recusa, apesar das consequências: acabou sendo proibido de participar da sessão. Mesmo pedindo desculpas repetidamente, não conseguiu o perdão. Quando foi instruído a sair para o corredor, novamente recusou. Decidimos então seguir para o refeitório, deixando-o sozinho na sala.
No final, quando a enfermeira estava se retirando, Acelerado a abordou. Mesmo sob ameaça de chamar a polícia, pela afronta que estava fazendo, ele rasgou os papéis com nossas atividades e de fato xingou inúmeras vezes a profissional. A polícia foi acionada para sua contenção mecânica, mas ocorreu apenas uma conversa pacífica.
Fico triste que tenha chegado a tanto. O pior é que ele aparenta se sentir a vítima, justificando a todo custo seu comportamento tóxico que impera desde sua primeira visita ao CAPS. Sequer aceita minha ajuda para tentar mudar!
Comments
Post a Comment