Sobrevivendo ao Bundão: Reflexões Sobre Meu Ex-Cunhado Tóxico (Alerta de Gatilho: Violência e Abuso)
Alerta de gatilho: Este texto discute temas sensíveis relacionados à violência física, abuso emocional, crueldade animal, discriminação e ameaças.
No meu ranking pessoal de pessoas tóxicas, uma figura se destaca: meu ex-cunhado, a quem vou chamar de Bundão. Ele era um homem calvo, magro e alto, que trabalhava como caminhoneiro e fazia bicos como pedreiro. Seu ego era tão grande quanto sua careca, o que frequentemente gerava momentos cômicos.
Como pai, ele era péssimo; como adestrador, um pouco melhor. Gabava-se constantemente da obediência dos meus sobrinhos autistas a detrimento da esposa. Diante das visitas, demonstrava como só ele conseguia controlá-los, pedindo ao menor que o beijasse, se sentasse ou se levantasse, sempre obedecendo suas ordens. Faltava apenas mandar que se deitasse, rolasse e fingisse de morto.
Na sua cabeça, era responsável exclusivamente por castigá-los, enquanto a esposa cuidava da saúde, educação e alimentação das crianças. Também esperava que ela voltasse toda sua atenção para ele quando estava em casa, chegando a ter ciúmes do cuidado dela com os meninos.
Como todo "bom homem de família", quando voltava de viagem, queria que toda a família estivesse à sua disposição. Entre suas regras estava o silêncio absoluto, pois ele só dormia quando em casa.
Na minha frente e na de outras pessoas, tinha dois modos de agir: ser excessivamente exigente com meus sobrinhos, brigando por qualquer motivo, ou ser exageradamente carinhoso. Todos notavam essa discrepância, evidenciando sua preocupação com a própria imagem.
Ele vivia contando mentiras sobre um salário exuberante, sobre o trabalho dos sonhos e sobre suas supostas habilidades, sempre se comparando aos outros. Uma vez, quando minha irmã contou sobre um corte no rosto que teve na infância, ele contou uma história sobre um corte no peito que se abriu e que ele ignorou. Parecia se considerar um super-humano.
Um dia, decidi testá-lo. Disse na frente dele e de outras pessoas o quanto meu pai impõe respeito aos garotos. Ele, claro, me interrompeu para se comparar novamente.
Para ele, homens e mulheres perfeitos existiam, assim como também existiam pessoas descartáveis. Referia-se a mim e ao meu pai como se não tivéssemos defeitos, enquanto tratava sua ex-esposa e seus filhos de sangue com crueldade. Era uma forma de vaidade: quem não o quis era totalmente ruim; quem fazia parte do seu círculo pessoal era completamente bom.
O que eu mais odiava era como diminuía as pessoas e menosprezava o sofrimento alheio. Por eu ser autista, ele se dirigia a mim na terceira pessoa, como se eu fosse uma criança.
— O Bundão está aqui para te ajudar, tá bom?
Quando meu irmão estava em crise, ele se metia para restringir seus movimentos à força ou se gabava de nunca ter apanhado dele. Em suas palavras, “como que em mim ele não bate?”.
Traduzindo: ele me respeita e a vocês não.
Meu irmão, por alguma razão, não bate em quem não está acostumado a bater. Inclusive, visitas sempre estão seguras graças a isso.
Lembro-me de uma vez que ele tirou um copo de café do meu irmão à força. Adivinha por quê? Tinham visitas em casa e ele queria mostrar sua autoridade. Ele levou um tapa na cara e revidou batendo no bumbum do meu irmão.
A relação dele com minha irmã era instável, com constantes separações e reconciliações. Essa violência foi o estopim para o término definitivo. Em cada separação, o Bundão perseguia minha irmã e a abordava quando estava sozinha, como um manipulador que espera o momento de maior vulnerabilidade. Comparo-o a um urubu sobrevoando um animal prestes a morrer.
Dessa vez, ele não conseguiu pegá-la desprevenida e chegou a ameaçar meu pai para que voltassem. Chegou chorando à nossa porta e foi acolhido, mas quando sugeri que era melhor eles viverem separados, saí como vilão. O Bundão conseguiu o que queria.
Ele se gabava de quase aleijar um cachorro, de matar filhotes de gato, chamava mulheres trans de coisas idiotas e era racista. Quando falei sobre a tortura de mulheres grávidas na ditadura, ele justificou dizendo que foi apenas no começo. Inventou essa informação na hora! Como se isso tornasse menos absurdo. Também disse que era contra as armas porque poderia matar algumas pessoas quando irritado. Ele chegou a tirar o celular do meu sobrinho para dar aos filhos biológicos dele. 😡👊
Hoje está bem longe de nós, e isso é um grande alívio! Pretendo fazer uma analise mais profunda em algum post futuro.
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